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Fonte: AVG Technologies

A internet é um meio de convívio social. O Brasil é um dos países mais conectados do mundo, é o terceiro país em números de usuários no facebook, com 99 milhões de contas ativas. Mark Zuckerberg, presidente-executivo do Facebook, anunciou que a rede social chegou a 2 bilhões de usuário em junho deste ano.

 

Mas, retomando o começo desta conversa, qual seria a necessidade de se manter constantemente conectado? Por que os pais compartilham tantos momentos dos seus filhos? Uma amostra de dados da pesquisa realizada pela AVG, mostra que 80% dos pais de crianças na faixa etária com até dois anos postaram, pelo menos uma vez, imagens dos seus filhos na internet. E que 24% dos pais brasileiros, fizeram a primeira foto direto da maternidade. O maior motivo de tanta exposição é fazer com que os amigos e família participem dos momentos especiais.

Compartilhar em tempo real

Fonte: AVG Technologies

A empresa AVG Technologies, que trabalha com software de antivírus, lançou um Guia de Segurança Online, está disponível de forma gratuita, em formato ebook. Nos capítulos são abordados temas como a entrada das crianças no mundo virtual, a privacidade dos bebês, crianças e jovens nas redes sociais e o papel dos pais na educação e no uso dos meios digitais.

Para essa produção foi necessário um longo trabalho de pesquisa dirigido pelo engenheiro e embaixador de tecnologia da AVG, Tony Anscombe, que também é autor do livro One Parent to Another (De um pai para outro) sobre o mesmo tema. O questionário online foi respondido por mais de cinco mil pais do Reino Unido, França, Alemanha, Espanha, República Tcheca, Canadá, Austrália, Nova Zelândia e Brasil para mostrar o comportamento de seus filhos na rede.

 

A pesquisa revelou que a rede social preferida das crianças é a maior rede do mundo, o Facebook. Apesar de recomendar que o acesso é para maiores de 13 anos (pois o conteúdo veiculado ali pode ser inapropriado para os menores desta faixa etária) quase 20% das crianças do mundo não obedecem o aviso e fazem um perfil antes dos 9 anos. Se for considerado na mesma faixa etária apenas as crianças do Brasil, a porcentagem sobe para 54%.

A maior surpresa surgiu com a revelação de que 89% das crianças entre 6 e 9 anos são ativas na internet e, os jogos estão entre suas atividades preferidas, além da interação pelas redes sociais. Entretanto, a preocupação dos pais com a segurança não aumenta na mesma proporção e 30% não acham necessário um controle sobre os filhos.

Pesquisa sobre segurança online

Fonte: AVG Technologies
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Sociedade do espetáculo

Compartilhar imagens dos filhos nas mídias sociais se tornou uma prática comum por parte de alguns pais, principalmente dos famosos. Os herdeiros começam a fazer sucesso antes mesmo de nascer. Ensaios fotográficos são realizados a partir da gestação, assim como os momentos especiais do crescimento da criança, bem como toda a rotina da criança. Aqueles registros que antes eram guardados nos álbuns de fotografias da família, agora estão à mostra para todo o planeta. O parto, o primeiro banho, a primeira mamada, todo o desenvolvimento é acompanhado pelos internautas. Dessa forma, os pequenos são inseridos nas mídias e aos poucos começam a acessar por conta própria seus perfis e iniciam a interação nas redes. Mas qual seria o limite para a exposição ser saudável e segura?

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Exposição infantil
nas mídias sociais

Sociedade do espetáculo

 

Formar uma criança dessa forma é muito perigoso. Saber os usos das novas tecnologias. O facebook tem seus benefícios, mas depende de como você usa.

Janara Pinheiro

Psicóloga

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Hoje é comum publicizar as crianças, expor como um adulto em miniatura e reproduzir para elas os valores dessa sociedade. Dessa forma, angariar quantos likes puder. E quando os famosos fazem publicidade com seus filhos, as crianças que assistem querem as mesmos produtos. A exposição desenvolve habilidades, trabalha a inibição. O fundamental é que esses artistas mirins tenham o tempo de estudar, de brincar. A vida não é o trabalho. Os pais às vezes tiram proveito, querem sucesso, expor o filho. Faz a criança de mercadoria, valor de troca. O importante são os valores estudar, brincar, ter a vida em família. "como é que essa criança está se formando?" Formar uma criança dessa forma é muito perigoso.Saber os usos das novas tecnologias. O facebook tem seus benefícios, mas depende de como você usa, diz Janara.

Toda essa exposição precisa de um limite. “A criança que vai para mídia, tem maquiagem, vai se identificar com a mãe. As identificações fazem parte do desenvolvimento infantil. A criança tem que entender o que ela pode usar, que é um brincar, que ela não pode se maquiar como a mãe. A mãe que impõe esses limites. A criança precisa entender até onde ela pode ir. O legal é o brincar, o se imaginar, "eu vou crescer como a minha mãe, como a minha professora, como meu pai". A criança entende muito bem, quando é imposto o limite.” explica, a psicóloga Janara Pinheiro.

 

Segundo o escritor francês Guy Debord, vivemos numa sociedade do espetáculo e consumo, numa tela global em que todos querem aparecer a qualquer preço. Só existe quem se mostra. Só conta o que projetamos de nós mesmos numa imagem. Esse contexto é abordado em uma série da Netflix, Merlí. Os episódios abordam as ideias de filósofos e pensadores e aplicam suas lições no seu dia a dia para resolver os problemas que surgem na trama. Outra série que também expõe o assunto é Black Mirror,  expõe as consequências das novas tecnologias e como as pessoas se tornam reféns das redes sociais, principalmente se está sendo aprovada por seus seguidores.

 

Ingrid Machado, Personal Trainer, compartilha com mais de 46 mil seguidores momentos da sua rotina, da sua filha e família, mas principalmente da filha, Antonella, que carinhosamente apelidou de Pompom. Afirma que geralmente o que compartilha nas redes sociais é em acordo com seu esposo e tem assessoria para alguns casos, que são os patrocinados. Existem algumas "regras" pessoais para que estejam seguros e foram estabelecidas conforme a experiência com o público que desejam.

Momentaneamente está sendo positivo e benéfico. Antonella usufrui de alguns serviços e parcerias que auxiliam na educação e desenvolvimento. Sabemos que existe profissionalismo, mas meu lado materno sempre busca o que é melhor para ela. Aceitamos convites que não desgastam nossa rotina e não comprometem a exposição de forma negativa. Dessa forma, sofremos poucas críticas transformando conteúdo em algo divertido, conquistando parceiros e pessoas que agregam. Além disso, busco orientação com profissionais qualificados para saber lidar e interagir com as pessoas, pois estimulamos um carinho na rede social, que faz com que as pessoas se sintam próximas e íntimas da nossa rotina, diz Ingrid.

Benefícios e malefícios da exposição infantil nas mídias sociais

A Personal explica que montou o Instagram antes de 2014 para falar sobre estilo de vida, saúde e beleza com um toque de pessoalidade. Isso foi conquistando leitores e amigos ao longo dos anos e por compartilhar também seu desejo pela maternidade, o público de mães e gestantes foi ficando mais próximo. Enfatiza que a chegada da Antonella veio deixar tudo mais alegre e colorido. Como cuida, posta, acompanha e responde a todos os seguidores, tem uma ligação forte com o público e sua necessidade, que a motiva compartilhar experiências vividas, principalmente com a maternidade.

 

Para a turismóloga e mãe em tempo integral, Viviane Souza, o limite tem a ver com o respeito e a intimidade, pois está cada vez mais perigoso o mundo virtual, por isso procura não compartilhar fotos reveladoras demais ou que possam ser alvos de desrespeito. Espera que no futuro o filho veja como foi a realidade da sua chegada na vida dela, que dificuldades enfrentou com o pai da criança, mas também o amor e os momentos lindos que tiveram desde sempre e o carinho que todos têm pelo pequeno.

Visto que hoje as redes sociais estão aí para aproximar, mesmo que virtualmente, as pessoas, sinto prazer em mostrar para amigos e pessoas que me seguem como meu filho está se desenvolvendo e como é nossa vida agora com ele. Mas, espero é que, assim como o pai dele, ele nem goste de redes sociais, diz Viviane.

Beneficios e maleficios

A gerenciadora de Digital Influencers, Munira Rocha, comenta que as pessoas se expõem nas mídias sociais buscando o sucesso, voz ativa socialmente, e a possibilidade de ser visto pelos meios offlines para ganhar presentes. E cita como benefícios que o trabalho dessas pessoas pode reverberar mais facilmente, ou seja, não é mais necessário esperar ser “descoberto” por alguém para que essa pessoa divulgue para outras. Qualquer pessoa pode gerar conteúdo nas redes sociais, por conta da mudança na forma de se comunicar, as redes facilitam a comunicação. Mas, também há malefícios, Munira explica que muita gente não tem um filtro, um parâmetro de até onde expor a própria vida. Na busca de ser um digital influencer alguns vão além e colocam em risco a segurança da família. Por outro lado, outros tomam medidas para que a segurança não seja colocada em cheque, ou seja, não expõem informações sobre a escola dos filhos, os horários e a rotina.

Limites para a exposição

Por: Tércia Mota

O filósofo coreano, Byung-Chul Han, no seu livro Sociedade da Transparência, explica que na sociedade positiva, na qual as coisas, agora transformadas em mercadorias, têm de ser expostas para ser, seu valor cultual desaparece em favor de seu valor expositivo. Em vista desse valor expositivo, sua existência perde totalmente a importância. Pois, tudo o que repousa em si mesmo, que se demora em si mesmo passou a não ter mais valor, só adquirindo algum valor se for visto.

 

Alguns famosos, como o  Wellington Muniz e Mirella Santos já criaram um perfil para que a filha tenha visibilidade, a Valentina Muniz. No Instagram, seus seguidores já passam dos dois milhões. Ela participa de propagandas junto com os pais, desfila para marcas, é uma mini celebridade. Na sociedade expositiva cada sujeito é seu próprio objeto-propaganda; tudo se mensura em seu valor expositivo. O excesso de exposição transforma tudo em mercadoria que “está à mercê da corrosão imediata, sem qualquer mistério”, diz Byung-Chul Han.

Janara Pinheiro - Psicóloga
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A psicóloga adverte que, é necessário muito cuidado, pois os pais são referências para os filhos e se a exposição for exagerada eles podem constituir um filho de uma maneira muito fragilizada, lá na frente essa criança pode desenvolver um transtorno de ansiedade, um transtorno de pânico, alguma fobia social. Por ter sido tão exposto que pode chegar um momento que não quer ser mais visto por ninguém.

 

É importante que sejam artistas de maneira saudável. Os pais constroem uma visão de que a infância é só felicidade e onde tudo deve ser poupado. Mas, algumas coisas devem ser explicadas para os pequenos, eles tem que aprender a perder, ver que as coisas morrem. Eles tem que passar por esse processo e em outras situações devem que ser preservados, porque traumatizam, são muito impactantes. E se for algo muito difícil, que não vai ser resolvido, pode ser levado pra vida adulta. Insegurança, pânico e ansiedade.

 

O lugar que é dado à infância é um outro lugar. A psicologia do desenvolvimento enxerga que a cada fase é necessário vivenciar certos aspectos para o desenvolvimento ocorrer de forma satisfatória. O brincar desenvolve o aspecto não só cognitivo, também o aspecto social, psicológico e emocional. A criança aprende brincando.

Alerta para os pais sobre o que publicar

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